sábado, 12 de dezembro de 2009

RESUMO DE GEOGRAFIA DO AMAPÁ_Atualizado

GEOGRAFIA DO AMAPÁ
SINÓPSE HISTÓRICO-GEOGRÁFICA:


Sobre o autor: Formado em Direito e Geografia pela Universidade Federal do Amapá, é também teólogo. É Oficial de Justiça-Avaliador do Tribunal de Justiça do Amapá,Professor de direito penal, processo penal e legislação penal especial, professor de geografia do Brasil e Amapá, autor da obra "Sinopse histórico-geográfica do Amapá", é também Pastor vice-presidente da segunda maior Igreja Evangélica do Amapá, Assembléia de Deus Zona Norte de Macapá e vice-presidente da COMADEZON (Convenção Estadual da ADZN) além de professor da EETAD (Escola de Educação Teológica das Assembléias de Deus do Brasil). Casado com Berenice Rabelo e pai de Gabriel (6 anos) e Miguel(2 anos).




RESUMO DE GEOGRAFIA DO AMAPÁ
INTRODUÇÃO:
 A área que hoje pertence ao Amapá, nem sempre teve sua configuração cartográfica como hoje, na verdade seu espaço foi fruto de muita discussão diplomática envolvendo até mesmo conflitos pela posse da área.
 Origem etimológica: Sua origem, embora controversa, parece vir do tupi ama'pa, nome de uma árvore das Apocynaceae
 A denominação Amapá : uma outra versão, pelo que tudo indica mosta que o termo é originado do lago homônimo, cuja designação aparece documentada no século XVIII.
 Antes mesmo do Pedro Álvares Cabral aportar no Brasil em 22 de abril de 1500, um outro navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón teria chegado em janeiro do mesmo ano, ao norte do Cabo Orange, atual fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa.

1.1-A CAPITANIA DO CABO NORTE
 Em 14 de junho de 1637, Felipe IV (Rei Espanhol -União Ibérica/1580-1640), criou a “Capitania do cabo Norte”
 Portugal ainda fazia parte da União Ibérica, e esta faixa de terra foi doada a Bento Maciel Parente.
 O Rei Felipe IV, também o nomeou como Governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará, criado em 1621, com sede em São Luís.

 Assim em 30 de maio de 1639, Bento Maciel foi empossado da Capitania do cabo Norte, e logo após levantou um fortim: o do Desterro(em Almerim), localizado a seis léguas da foz do Rio Paru, que ficou conhecido como “Forte do Paru”.
 A Capitania em suas mãos não prosperou;
 Bento M. Parente pouco fez para procurar efetivar o plano de colonização e ocupação destas terras, sempre ocupado com os problemas administrativos do Estado do qual era governador
 em 1641: caiu em mãos dos holandeses que se apoderaram de são Luís, onde se encontrava Bento M. Parente, e onde veio a falecer pouco depois em 1645.
 Seu sucessor foi seu filho Bento Maciel Parente Júnior, também experimentado sertanista e conhecedor, no entanto, como o seu pai, também não se ocupou da Capitania, e logo após a sua Morte teve a sucessão Vital Maciel Parente, que também pouco realizou. Retornando assim a concessão para o domínio português que a anexou à capitania do Grão-Pará
 Tratado de Ultrech-1713: definiu, que a fronteira do Brasil com a França era delimitada pelo Rio Oiapoque.
 Em 1836 o Governador da Guiana Francesa, Laurens de Choisy, comunica ao presidente da Província do Pará que resolvera ocupar a região do Amapá, até o Rio Araguari.
 Em 1841: Brasil e França concordaram com a neutralização (CONTESTADO). Foto abaixo:



 Controvérsia sobre a delimitação cartográfica da localização do rio Oiapoque
 República do Cunani: Em 1885 os franceses habitantes da região, sob a orientação de Jules Grós a fundaram , abrangendo imensa área do território brasileiro ao sul do Oiapoque.
 Ouro: 1893; forte imigração
 O conflito armado: 15 de maior de1885

A DESCOBERTA DO OURO E SEUS REFLEXOS SOBRE A ÁREA
 Em 1893: descoberta do ouro (irmãos Germano e Firmino Ribeiro de Curuçá-Pa)
 os ânimos passam a se acirrar na região do Contestado.
 Localização: bacia do rio Calçoene, entre os rios Amapá pequeno e Cassiporé;
 Cresce o interesse da área pelos franceses.
 Eugene Voissien é escolhido para a função de delegado Francês na região
 O ano de 1895 marca o auge do “Boom” do ouro no Amapá.
 Eugênio Voissien, resolve proibir aos brasileiros o acesso à região aurífera,
 estopim para a luta armada,
 O conflito: 15 de maio de 1895, na vila do Espírito Santo.
 Triunvirato: Constitui-se através de uma assembléia para defender os interesses brasileiros da região,
 Composição: Francisco Xavier da Veiga Cabral (Cabralzinho), Cônego Domingos Maltês e o Capitão Desidério Antônio Coelho. Abaixo, estátua de Cabralzinho no município de Amapá no local do embate armado.



 Mais de 55 mortos brasileiros e 22 soldados franceses
 A segunda fase deste embate Luso-Francês, agora diplomático, tem início já no séc. XVIII, após a instalação dos franceses em Caiena, a partir desta fase, a pretensão francesa foi dominar a margem norte da Foz do Amazonas;
 Este conflito somente terminou em 01/12/1900, LAUDO DE BERNA OU LAUDO SUÍÇO
 Advogado brasileiro: Barão do Rio Branco (José da Silva Paranhos Júnior). Foto abaixo:



 laudo favorável à tese brasileira através da sentença que efetivou o Rio Oiapoque como limite perene entre o Brasil e França
 árbitro da questão foi a Suíça, essa sentença foi prolatada pelo Presidente da Confederação Suíça (Walter Hauser); este documento pôs fim ao conflito de fronteiras com a França
TRECHO DO LAUDO DE BERNA:
 “Sentença
 Visto os fatos e os motivos acima
 O Conselho Federal Suíço, na sua qualidade de árbitro chamado pelo Governo da República Francesa e pelo Governo dos Estados Unidos do Brasil, segundo o Tratado de Arbitramento de 10 de abril de 1897, a fixar na fronteira da Guiana Francesa e do Brasil apura, decide e pronuncia: Artigo I – Conforme o sentido preciso do Artigo 8º do Tratado de Utrecht, o rio Oiapoque ou Vicente Pinzón é o Oiapoque que desemboca imediatamente a Oeste do Cabo de Orange e que por seu talvegue forma a linha lindeira.
 Artigo II – A partir da cachoeira principal deste rio Oiapoque até a fronteira holandesa, a linha de divisão das águas da Bacia Amazônica, que nesta região é constituída da quase totalidade pela linha do fastígio da Serra de Tumucumaque, forma o limite interior.
Assim assentado em Berna em nossa sessão de 1º de dezembro de 1900. A presente sentença, revestida do selo da Confederação Suíça, será expedida em três exemplares franceses, três exemplares alemães. Um exemplar francês e um alemão serão comunicados a cada uma das duas partes pelos cuidados de nossa repartição política; o terceiro exemplar francês e o terceiro alemão serão depositados nos arquivos da Confederação Suíça. Em nome do Conselho Federal Suíço”
 O presidente da Confederação, Walter Hauser;
 O chanceler da Confederação Klinger.
 Tradução em português do Barão do Rio Branco

1.3-FORTIFICAÇÕES:
 A finalidade das construções de fortes na Amazônia eram voltadas, ente outras razões para impedir a invasão da região por outros povos não portugueses; fiscalizar a coleta das chamadas drogas do sertão e dominar os pontos estratégicos dos rios, facilitando a fiscalização dos impostos ao tesouro português, fiscalizando, no caso da fortaleza de São José de Macapá e o Forte do Presépio(1616) a desembocadura do Rio Amazonas, entrada da Amazônia.
 A partir do início do século XVII duas importantes medidas foram tomadas pelas coroas:
 A) a primeira, de natureza militar, foi a edificação do Forte do Presépio de Santa Maria de Belém, ocorrido em 1616, que posteriormente, daria origem a cidade de Belém do Pará
 B) A segunda, de natureza administrativa, foi a divisão do território em duas regiões administrativas: 1)Estado do Maranhão, que localizava-se na área que vai do atual Estado do Pará ao Ceará, com Capital em São Luís.Mais tarde este Estado passou a chamar-se Estado do Grão Pará e Maranhão , com Capital em Belém. 2)Estado do Brasil, do atual Rio Grande do Norte a Santa Catarina, com capital em Salvador.
 Após a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763, o governo iniciou o estabelecimento de vários destacamentos, fortes e fortins com o objetivo de impedir a possível invasão de suas terras por franceses, ingleses e holandeses, dentre outros.
FORTES:
 Abaixo mostraremos os mais importantes fortes construídos por estrangeiros no Amapá:
 a) Ingleses:
 -em 1623, no vale do Rio Cajari, denominadas de TILLETITE e UARIMUAÇÁ
 -1623, construíram o forte do Torrego no Rio Manacapuru.
 -1630, estabeleceram-se ainda ente os rios Manacapuru (Vila Nova) e Matapi com o Forte Felipe;
 -1632, tomando como escravos os índios nheengaybos, aruans e tucujús, instalaram o forte camau
 Portugueses: 1688, no antigo lugar do Forte Camaú, ergueram a Fortaleza de Santo Antônio, próximo do local onde hoje conhecemos como Igarapé da Fortaleza, ou ainda pode ter sido edificada no local da atual Fortaleza de São José de Macapá(SIC?)
 - O engenheiro italiano Henrique Gallucio, lançou a pedra fundamental da Fortaleza de São José de Macapá em 29 de julho de 1764. A maior e mais importante obra lusitana em toda a Amazônia. Com sua conclusão em 1771 e sua inauguração em 19 de março de 1782.
1.3.1-O MAIOR DOS FORTES AMAPAENSES:
 A construção da Fortaleza de São José de Macapá foi autorizada no reinado de D. José I (Julho/1750 - Fevereiro/1777)]
 a obra foi iniciada em 29 de junho de 1764
 A Fortaleza veio a ser erguida, sob a coordenação do Engenheiro Henrique Antônio Galúcio, que, estrategicamente na foz, pela margem esquerda do rio Amazonas
 Nos dezoito anos de trabalhos na construção, muitas vidas foram consumidas, entre as duas classes de mão-de-obra: a mão-de-obra livre, representada pelos oficiais, e soldados do exército, capatazes e mestres de ofício; e a mão-de-obra compulsória, representada em seu maior contigente por Indígenas capturados oficialmente na região, seguida pelos negros africanos comprados pelo governo da capitania e forçados a transportarem enormes blocos de rochas do Rio Pedreira para a construção da Fortaleza de São José de Macapá. Foto abaixo:




BASE AÉREA DO AMAPÁ


1.4-AMAPÁ DE TERRITÓRIO A ESTADO:
 A criação do Território Federal do Amapá, em 13 de setembro de 1943,por Getúlio Vargas, foi motivado a partir de vários fatores, dentre os quais podemos destacar:
 A) o descobrimento de jazidas de manganês em Serra do Navio; b) proteção das áreas de fronteiras; estabelecimento de um base aérea norte-americana no Município de Amapá (localização geo-estratégica); c) a previsão legal para a criação de Territórios Federais que constava na Constituição de 1937; d) a criação do Território do Acre, que motivou indiretamente também a criação do T.F.A., dentre outros.
 Em 27 de dezembro de 1943, foi nomeado o primeiro governador do Amapá – Capitão Janary Gentil Nunes.
 Bandeira do Estado do Amapá abaixo:



1.4.1- Fragmentação do espaço amapaense e criação de novos municípios
 Antes da CF :
 O decreto que o criou (Decr. -lei nº5.812 de 13/09/43) estabeleceu também os três primeiros Municípios: Macapá, Amapá e Mazagão
 Vista aérea da Capiptal do Estado do Amapá, Macapá.



 Em 1945 outros dois foram criados ou desmembrados: Oiapoque e Calçoene
 Com a promulgação da Constituição em 05 de outubro de 1988, o Amapá é elevado a categoria de Estado.
 Assim em 1987 criou-se os municípios de Santana, Tartarugalzinho, Ferreira Gomes e Laranjal do Jarí
 em 1991, através de plebiscito criou-se os seguintes municípios: Amapari, Serra do Navio, Cutias do Araguari, Porto Grande, Itaubal do Piriri e Pracuúba
 em 1995 foi criado o último Município chamado de Vitória do Jari, definido a atual configuração do espaço territorial Amapaense. Abaixo amapá e seus 16 municípios.



1.4.2-A IMPLANTAÇÃO DA ALCMS
 A implantação da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana pelo Governo Federal em 1991, constituiu o principal elemento de uma nova dinâmica



 é juridicamente controlada pela SUFRAMA possui suspensão de impostos de Importação e dos Impostos sobre Produtos Industrializados, e sobre as mercadorias estrangeiras que nela entram.
 fomentou um crescimento populacional acelerado do Amapá, atraindo migrantes principalmente das ilhas do Pará, Maranhão e de outros Estrados do Nordeste
 Acelerou o processo desorganizado de urbanização
MODERNIZAÇÃO E CRESCIMENTO: ALGUNS “GRANDES PROJETOS PÚBLICOS E PARTICULARES”
 A descoberta do manganês no Amapá remonta a 1934, quando o Engenheiro Josalfredo Borges , a serviço do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM, assinalou ocorrência de minério de manganês no vale do Rio Amapari.
 Com esse objetivo, o Governo do Amapá abriu concorrência internacional que atraiu vários grupos, inclusive estrangeiros, sendo declarada vencedora a Indústria e Comércio de Minério do Amapá-ICOMI, empresa brasileira sediada em Belo Horizonte –MG.
 celebrou-se o contrato em 06/06/50, que no entanto só foi editado em 09/04/1953(após aprovação do tribunal de Contas da união e ratificação pelo Congresso nacional), estabelecendo-se a vigência de 50 anos a contar de 02/05/1953
ICOMI
 ICOMI se associou, em 1949, à empresa americana Bethlehem Steel Corporation, mas atendendo às exigências estabelecidas no contrato de concessão, a companhia brasileira manteve o controle acionário do empreendimento
 Em 1954 começaram a ser construídos as instalações industriais, a ferrovia e o embarcadouro localizado em Santana na foz do Rio Matapi. Cratera de exploração de manganes em serra do navio. Intenso ritimo de exploração.



 No ano seguinte iniciaram-se os trabalhos de urbanização e saneamento e a construção de duas vilas residenciais destinadas aos empregados da ICOMI: uma em Serra do Navio (subdividida em Vila Primária- onde residiriam os operários -; Vila Intermediária - gerentes e chefes imediatos; e staff- altos dirigentes e coordenadores) e outra em Santana(Vila Amazonas, organizada de modo semelhante), em projetos concebidos pelo arquiteto Oswaldo Arthur Bratke.



 A Estrada de Ferro do Amapá cuja construção foi iniciada em março de 1954 e concluída em fins de setembro de 1956, serviu de escoamento (transporte) da produção de minério de manganês das jazidas de Serra do Navio ao Porto de Santana, situado à montante da cidade de Macapá, na margem esquerda do canal norte do Rio Amazonas. Abaixo foto da locomotiva que ainda está em funcionamento, apesar do projeto já não mais existir.


 O primeiro embarque de minério ocorreu em 10 de janeiro de 1957


 Quando se percebeu que o minério de alto teor começava a diminuir rapidamente em função do voraz ritmo de exploração, novos projetos adicionais foram realizados buscando o aproveitamento maior de minérios de baixo teor de manganês tais como:
 I - USINA DE PELOTIZAÇÃO - Este projeto permitiu a recuperação de minério de granulometria mais finos, não aceitáveis pelo mercado, mas que aglomerados, permitiram o aproveitamento deste finos de manganês, que até a implantação deste projeto, eram considerados como rejeitos;
CAEMI
 2.2 – O GRUPO CAEMI: do Quadrilátero Ferrífero ao Manganês do Amapá
 A Caemi (Cia Auxiliar de Empresas de mineração)
 O Governo federal criou o Território Federal do Amapá , em 1943, e em seguida autorizou a concessão da exploração do manganês na Serra do Navio, a partir de 1956, à Industria Comércio de Minérios S.A- ICOMI, associação do Grupo CAEMI (Companhia de Assistência a Empresas de Mineração) pertencente à Augusto Trajano Antunes,e da Bethlehem Steel (USA)

Quando o projeto ICOMI deixou o Amapá, deixou para trás um rastro de problemas ambientais, que vão do desmatamento da floresta nativa (seu plano de reflorestamento não atingiu sequer 30% do previsto), imensos depósitos de resíduos de manganes, contaminados por Arsênio, que provocou um grande pol6emica visto a possibiloidade de contaminação dos solos, rios e águas subterrâneas, mormente nos povoados contíguos às montanhas de depósitos depejadas próximo ao porto de Santana. Veja foto. A pol6emica só encerrou quando os rejeitos foram vendidos para um empresa estrangeira coma finalidade de servir para aquecer os altos fornos e movimentar termelétricas.



 2.2.2- AMCEL
 Criada em 1974 a AMCEL(Amapá Florestal e Celulose S/A), esteve voltada à produção de celulose, e localizava-se no Município de Porto Grande.
 Esta empresa foi vendida pelo Grupo CAEMI à CHAMPION Papel e Celulose em 1996
 A Companhia Docas do Pará arrendou no início de 1992, para a AMCEL - Amapá Florestal e Celulose S/A, 6,3ha no porto, para a instalação de uma indústria que produz cavacos, matéria prima da celulose, que atualmente representa 90% do volume das cargas movimentadas pelo Porto de Santana

 2.2.3-CODEPA
 (Companhia de Dendê do Amapá) criada em 1981.Esta empresa foi vendida ao grupo paraense COPALMA que explora o setor de óleos de dendê. Com área plantada de 5.000 ha
CADAM
 2.2.4-CADAM
 Em meados de 1991 a CAEMI adquiriu o controle da Caulim da Amazônia S.A., hoje denominada CADAM S.A., produtora e exportadora de caulim para revestimento de papéis.



 Localizada no Estado do Pará, mas com suas minas localizadas no Amapá, a CADAM havia iniciou suas atividades em 1971.
 A CADAM já pertenceu ao Grupo Mitsui e atualmente pertence à Cia Vale do Rio Doce; explora o Caulim (rocha sedimentar orgânica) que é um tipo especial de argila e que pode ser utilizado em diversos produtos, entre eles, na indústria farmacêutica, de tintas, e no revestimento do papel
 A exploração é feita no Município de Laranjal do Jari no Morro de Felipe no Amapá, e escoada por um mineroduto até o Porto de Munguba, em Monte Dourado; Almerim-PA
JARI
 2.3- JARI FLORESTAL
 Em 1967, a então Jari Indústria e Comercio S/A, como era denominada, foi vendida a um magnata norte-americano Daniel Keith Ludwig



 A população de Monte Dourado, passou de 3.000 para 50.000
 Outra realidade danosa foi a favela que se formou no entorno do projeto: a Vila de Beiradão (hoje transformada no Município de Laranjal do Jarí, considerada uma das maiores favelas de palafitas do Brasil), contrastando com a vila de Monte dourado do outro lado do Rio Jari, que foi toda planejada, com toda infra-estrutura necessária
Beiradão, atual Município de Laranjal do Jari, é hoje a maior favela sobre palafitas da América do sul, concentrado vários problemas sociais, que vão desde a prostituição infantil até o tráfico de entorpecentes, passando pela total falta de infra-estrutura , pois no inverno temos enchentes  e no verão incendios.

Localização do projeto


A Fábrica que nunca pára. A sua atividade é ininterrupta. A poluição gerada por ela, por meio de uma neblina de fumaça, gera graves problemas respiratórios e epidermicos na população de Vitória do jari, do outro lado do rio Jari , no estado do Amapá.

As crianças ficam expostas à poluição gerada pelo projeto


 Implantado no Amapá, às margens do Rio Jarí, o projeto cobre uma área de 1,2 milhão de hectares.



 O projeto Jari tinha como objetivo inicial produzir a rizicultura (arroz), bubalinocultura (búfalos), suinocultura (porcos) e celulose, no entanto só este último vigorou com eficiência.


 Muitas críticas foram levantadas contra o projeto em relação à poluição do ar, água e solo.



 uma fábrica de celulose foi projetada para funcionamento em 1978, sendo encomendada e construída pelos estaleiros Ishikawagima, na cidade de Kure no Japão, sobre duas plataformas flutuantes, que foram rebocadas desde o Japão até Munguba no rio Jarí



 Para produzir a matéria-prima(a celulose) para a fábrica de papel, foram plantados milhares de árvores chamadas de gmelina. Depois de alguns anos concluiu-se que essa planta não se desenvolvia satisfatoriamente em clima e solo amazônico,
 A Estrada de Ferro Jari foi construída para transportar a madeira cultivada das áreas plantadas para a fabrica de celulose e também madeira nativa de segunda qualidade resultante das áreas desmatadas para implantação da floresta cultivada, necessária para a alimentação da usina termoelétrica que gera toda a energia do projeto. Dos 220 km projetados inicialmente foram construídos apenas 68 km.



 Após 1981, o empresário, desgostoso com várias questões, resolveu suspender o fluxo de capital que havia mantido durante tantos anos, e o governo brasileiro, decidiu então convocar um grupo de 23 empresas brasileiras para assumir o controle do projeto
 Augusto Antunes atuou como mediador entre Ludwig e o consórcio brasileiro, tendo conseguido resolver o impasse de maneira razoável para todos, o que resultou na tomada de posse do empreendimento pelo grupo brasileiro e a constituição, em 22 de janeiro de 1982, da empresa Companhia do Jari, que assumiu o controle total do empreendimento inclusive suas dívidas em Ienes, relativa ao financiamento das plataformas no Japão
 No ano de 1996 o balanço financeiro do Grupo Jari apresentou um défict de 60 milhões de dólares, o que representou 2/3 dos custos de produção naquele ano, e em razão disso alguns anos depois, teve sua administração repassada à outro grupo. Hoje é administrada por um grupo paulista (grupo Orsa). Após a compra do projeto em 28 de fevereiro de 2000
 O grupo Caemi, principal empresa privada que assumiu então 40% das ações do Jari, transferiu sua parte para o grupo Orsa.

2.5- OUTROS PROJETOS MAIS RECENTES
 2.5.1 - Hidrovia do Rio Marajó
 Objetivo: consiste basicamente na Implantação de uma via navegável que cruze a ilha de Marajó, da baía do Marajó ao braço sul do rio Amazonas, propiciando uma ligação mais direta entre Belém e Macapá
 Vai reduzir o percurso e o tempo entre o Amapá e o Pará, em até 1/3 do atual percurso fluvial
 Via: ligação dos rios Atuá e Anajás: canal artificial com 31,42km, da margem esquerda do rio Anajás à margem esquerda do rio Atua



 2.5.2- O Projeto Itajobi (Amapari)
 É uma subsidiária da multinacional Anglogold (uma das maiores mineradoras de ouro do mundo).
 Objetivo: é extrair do Amapá 4,5 ton. de ouro por ano
 Localização: Município de Pedra Branca do Amapari
 O projeto pretende explorar o ouro por sete anos, numa área de 800 hectares
 investimento total da ordem dos 60 milhões de dólares
 Preocupações: A primeira preocupação tem a ver com o cumprimento de todas as exigências técnicas e legais em relação ao empreendimento. A outra tem a ver com os reflexos trazidos para a sociedade nas demais áreas.
 Principal crítica: como será o manejo e utilização de “cianeto” para purificação do ouro

A Transguianense:
 permitirá ligar Macapá à Manaus e Caracas, passando por Caiena, Paramaribo, Georgetown e Boa Vista.
 Dos 590 km que separam Macapá de Oiapoque, somente 157 km estão asfaltados.
 A travessia do rio Oiapoque para a cidade francesa Saint Georges (ponte de aproximadamente 310 m)
 Esta é uma das estratégias que poderá tirar o Amapá do isolacionismo geográfico



Mineração Pedra Branca do Amapari (MPBA):
 Localizada no Município de Pedra Branca do Amapari, a 15 Km de Serra do Navio,
 cerca de 2,5 milhões de toneladas de ouro ao ano, com reservas
 vida útil de 13 anos ,
 com possibilidade de extensão , caso novas reservas sejam localizadas.
 O total de empregos diretos e indiretos deve chegar a cerca de 1.100,
 cerca de 1,3 milhões de arrecadação em impostos por ano, mais de 25 milhões em royalties para o Município.
MMX AMAPÁ: O Sistema MMX Amapá compreende a Mina Amapá e a Estrada de Ferro do Amapá. O projeto também prevê a construção de uma planta de ferro gusa, uma unidade de produtos semi-acabados e um terminal portuário no município de Santana (Terminal Portuário de Santana).
A Mina Amapá tem potencial para produzir até 6,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. O início das operações inicou-se no segundo semestre de 2007. A estimativa para a produção de ferro gusa é de 2 milhões de toneladas anuais, a partir de abril de 2008. Desse total, 500 mil toneladas serão destinadas à produção de semi-acabados e o restante (1,5 milhão de toneladas) à exportação. O terminal portuário deverá entrar em operação em dezembro de 2007 e permitirá o armazenamento de até 500 mil toneladas de minério de ferro e a operação de navios do tipo Cape Size (capacidade igual ou superior a 80 mil toneladas). Com uma jazida de minério de ferro de padrão “world class” - com mais de 400 milhões de toneladas -, o Sistema possui localização privilegiada para exportação, devido a sua proximidade aos mercados europeu e norte-americano. A implantação do projeto provocou uma forte imigração para a área, sendo os Municípios de Serra do navio e Pedras Branca do Amapari os mais atingidos.

ASPECTOS GEOGRÁFICOS E SOCIAIS NO AMAPÁ:
 Considerações gerais sobre o Amapá:
 O Amapá está localizado no extremo Norte do Brasil.




 faz parte da vasta região Amazônica ou Região Norte do Brasil.
 A configuração do mapa do estado é de um losango imperfeito, tendo seus vértices dirigidos para os pontos cardeais.
 A linha do Equador passa ao sul do estado, na cidade de Macapá, capital do Estado e é banhada pelo braço norte do rio Amazonas





 é banhado a leste pelo Oceano Atlântico e o rio Amazonas.
 Possui um litoral com 242 Km de extensão, vai do Cabo Orange ao Cabo Norte
 Os totais anuais se chuva ultrapassam a 2.500mm na maior parte do Estado.
 povoamento rarefeito (cerca de 2,2hab/Km²).
 Quase toda a população se encontra na fachada oriental
 Suas cidades mais populosas são Macapá (mais de 70 de todo a população).
 O Amapá é o Estado Brasileiro que mais recebe imigrantes



 Principais atrativos econômicos para a migração: Criação da ALCMS, Implantação do estado do Amapá, comércio e extrativismo mineral (implantação de grandes projetos de exploração mineral)
 Conseqüências do excessivo crescimento populacional: movimentos de invasões, expansão horizontal acelerada da cidade, crescimento das atividades informais, aumento do desemprego, moradia, saúde, educação, violência urbana, ocupação descontrolada das área de ressacas, etc.
Principais características físicas:
 Localização: Extremo norte do Brasil
 Superfície (área): 143.453,70 Km² (2,18 do Brasil)
 Fronteira:2.398Km
 Limites: ao Norte e a Noroeste com a Guiana Francesa e Suriname. A leste e Nordeste com o Oceano Atlântico , ao Sul e Sudeste com o Canal do Norte e Braço esquerdo do rio amazonas, a Oeste e sudoeste com o Rio Jari e Pará.
 Pontos extremos: ao norte :Cabo Orange; ao Sul: foz do Rio Jari; a Leste O Cabo Norte; a Oeste : a nascente do Rio Jari(na Serra do Tumucumaque)
 Obs: O Amapá está localizado em três hemisférios (norte, sul e ocidental)
 Equinócio: Macapá é a única capital brasileira cortada pela linha do Equador.
 Ocorre duas vezes no ano, um dos mais interessantes espetáculos da terra, o Equinócio.
 Trata-se de uma fenômeno em que os raios do sol, no seu movimento aparente, incidem diretamente sobre a linha do Equador.
 Nesses dias, os dias e as noites têm a mesma duração em todo o planeta.
 No mês de março no dia 20 ou 21, ocorre o Equinócio da Primavera, que em Macapá coincide com o período das chuvas, e 22 ou 23 de setembro, Equinócio de Outono, que para nós coincide com o período de estiagem amazônico.
Divisões fisiográficas:
 Relevo:
 O relevo do Estado é pouco acidentado,
 Pode ser dividido em 2 grandes regiões:
 a) uma interna, de relevo suavemente ondulado, com alturas médias de 100 a 200m, mas que podem atingir extremos de 500m, constituída por rochas cristalinas metamórficas e cobertas de floresta densa, onde encontramos os planaltos cristalinos (porção oste do Estado) com grandes extensões de colinas e morros dominados por cristais montanhosos como: a serra do tumucumaque (540m), Serra Lombarda, serra Estrela, Serra Agaminuara ou Uruaitu, Serra do Naucouru, Serra do Navio, Serra do Irataupuru, serra das Mungubas, Serra da Pancada, Serra do acapuzal, Serra do Culari, serra do Aru, dentre outras.
 b) A outro porção é formada por região costeira de planície, que se estende até o Atlântico, ao leste e até o Amazonas, ao sul, formada por terrenos baixos e alagadiços e por planícies aluviais nos baixos e médios cursos dos Rios. O relevo do Estado do Amapá é pouco acidentado,
Hidrografia:
 O Estado possui uma rica e vasta rede hidrográfica concentração de lagos ao norte do Rio Araguari, (região de lagos- com cerca de 300 Km²)
 Um dos espetáculos naturais fica no rio jari, a cachoeira de Santo Antonio. Veja foto:


 Os lagos têm sua origem em antigas depressões limitadas por barreiras, que foram se formando pela deposição de sedimento que estancaram a água.
 À medida que a sedimentação continua, esses lagos deverão tornar-se, mesmo que muito lentamente,cada vez mais rasos.
 grande problema desta região é a degradação (rebanho bubalino) compactação dos solos, pisoteamento do gado, a salinização das águas dos lagos, a erosão dos solos, a devastação de trechos para abertura pastos, dentre outros.
Pororoca:
 consiste num fenômeno peculiar do Estado;
 ocorre quando há o encontro das forças contrárias da maré do Oceano Atlântico, proveniente da Corrente do Golfo que vem das regiões caribenhas, e o fluxo contrário das águas doces dos Rios do Estado por ocasião das luas cheias.
 O fenômeno natural, é um dos espetáculos mais edificantes da natureza que conjuga beleza e força da natureza, no encontro das águas do mar com as águas do Rio.Etimologicamente, a pororoca significa “grande onde” na língua indígena; há outra vertente que explica que o termo é oriundo de um termo indígena onomatopéico “poroc-poroc”, referência ao barulho da força das ondas. É uma onda que ocorre em épocas de grande marés oceânicas.Tais ondas de águas doce, forma-se em rios e baias pouco profundas, onde existe uma grande variedade entre a maré alta e maré baixa, com maior propensão da massa líquida dos oceanos, força que na Amazônia é sentida, calculadamente, há cerca de mil quilômetros.



  No município de Cutias do Araguaria anualmente ocorre o surfe na pororoca reunindo atletas do mundo inteiro para tentar bater o recorde de permanencia sobre a maior e mais extensa onda do mundo.



Vegetação:
 Formações florestados
 Florestas Densa de Terra Firme: Ocupa aproximadamente 70%, (em torno de 103.236,22Km²) do espaço amapaense,



 concentra-se na porção Oeste do Estado.
 É tipo de vegetação mais expressivo do Estado.
 Destaca-se pela sua alta biodiversidade
 ainda não apresenta um quadro crítico, tendo em vista a abrangência territorial desse ecossistema
 As espécies que se destacam são: angelins, acapu, sucupira, castanha do Brasil, sapucaia, matamatás, breus, louros, copaíba, cipó titica, etc...
Floresta de Várzea:
 configuram um ambiente primário florestal, de alto porte em plantas trepadeiras e epífitas.
 É o segundo maior ambiente florestado do Estado.



 O estrato emergente é formado por árvores de 30 a 35m de altura,
 Ex. o Açaí, Bacaba, andiroba, buriti, Ucuúba ou Virola, seringueira, ubuçu, arumã, etc...
 Economicamente é pressionada pela extração seletiva de madeiras, de palmitos e de outros elementos típicos
 representa cerca de 4,8% do Estado,
 compreende o canal do Norte do Rio Amazonas e áreas dos principais rios da região sujeitas à inundações por ocasião do movimento das marés.
Manguezal:
 Ocupa 2% do Estado.
 É caracterizado pela presença de bosques de 15 a 25 metros de altura
 vegetação pneumatófila (raízes aéreas),
 solos halófilos (com influência salina).
 Ocorre na Costa amapaense de influência salgada (devido ao Oceano Atlântico)
 espécies típicas: mangal, tintal, siriubal,etc...



 A cata indiscriminada do caranguejo(problema ambiental)
 É um dos ecossistemas mais ativos, pois participa intensamente no aumento da produtividade primária dos mares e estuários, constituindo berçário de espécies marinhas, crustáceos, peixes, aves, dentre outros
Mata de Igapó:
 São representados por áreas disjuntas, de difícil precisão de seus limites e dimensões, com grandes limitações naturais em termos de uso e ocupação, e por conseqüência, não ressentindo, até o momento de grandes pressões. Caracteriza-se pelo regime de alagamento permanente ou pelo menos com alto grau de encharcamento do solo durante a maior parte do ano.
Formações campestres: Cerrados: Localização no mapa abaixo.


 é um ambiente não amazônico.
 Sua presença nesta região é conseqüência de drásticas alterações climáticas que marcaram a história.
 Sua vegetação é do tipo savanítica (cobertura vegetal aberta),




 vegetação esparsa,
 estrato herbáceo-arbustivo
 presença de capões (porção de mata isolado no meio dos campos),
 Características morfológicas: raízes profundas, troncos retorcidos com casca grossa e solos ácidos.
 Árvores típicas: Sucuuba, barbatimão,Murici-vermelho, caimbé, Caju, Murici-branco, etc...
 ocupa 6,5% do estado em uma faixa norte-sul.
 Algumas críticas vêm sendo levantadas contra o projeto CHAMPION (CHAMFLORA)instalado neste ecossistema, principalmente quanto à utilização de agrotóxicos no manejo da vegetação de pinnus e eucaliptos (vegetação exótica) em substituição à vegetação original e conseqüente contaminação dos mananciais, lagos e igarapés.
Campo de várzea (ou inundáveis):
 ambiente influenciado pelo regime pluvial sazonal, e de marés cíclicas,
 Os campos de Várzea são influenciados pelas águas das chuvas e pelo regime de marés
 áreas deprimidas,interligada por uma intensa rede de canais com inúmeros pequenos lagos temporários ou permanentes.
 Ocorre com maior intensidade na região que vai do Rio Araguari até o Cabo Orange, no Oiapoque.
Zoneamento Ecológico e Econômico – ZEE:
O processo de elaboração do ZEE é considerado exemplar no país: foi implantado pelo laboratório de Geoprocessamento do Instituto de Estudos e Pesquisas do Estado do Amapá (IEPA), viabilizando a capacitação de uma equipe multidisciplinar local; teve um custo financeiro menor do que os realizados por empresas de consultorias e está associado ao sistema Estadual de Planejamento. O resultado dos primeiros trabalhos foi divulgado em 199829, através de três cartas na escala de 1:1.000.000. Avaliação de Potencial de Recursos Naturais. Avaliação das limitações Naturais, desempenho sócio-econômico e Ocupação Territorial. Estas cartas proporcionaram uma análise integrada da dinâmica natural e sócio-econômica, condições necessárias para o planejamento do uso sustentável dos recursos a médio e longo prazos.

ÁREAS INDÍGENAS DO ESTADO DO AMAPÁ



5.1-Os povos indígenas do Amapá: O Amapá foi pioneiro no reconhecimento dos direitos territoriais indígenas. Todas terras reivindicadas pelos índios foram demarcadas e homologadas. O desafio, agora, é garantir a qualidade de ida que esses povos desejam manter ou recuperar, de acordo com seus próprios padrões culturais e suas formas de organização.

A autonomia reivindicada pelos índios vem emergindo de sua crescente capacidade de dialogar e de se posicionar diante os múltiplos setores da sociedade nacional responsáveis pela implementação de intervenções que os atingem diretamente. Os índios do Amapá somam cerca de 5.500 indivíduos distribuídos em várias etnias e tribos habitando tanto solo nacional quanto estrangeiro. Os índios do Amapá são os únicos do país que têm o privilégio de possuir todas as suas reservas demarcadas, sem invasões de garimpeiros, madeireiros e agricultores. Os primeiros contatos entre o índio e o europeu têm o registro de 1500, quando Pinzón esteve aqui. O Estado abriga vários tipos de etnias, distribuídos em 49 aldeia. Amapá é o primeiro estado brasileiro a ter todas as terras indígenas demarcadas. Nas duas grandes reservas, que representam 8,6% de todo o território estadual, 140.276 km² , vivem as etnias - Galibi, Karipuna, Palikur, Waiapi e Galibi Marworno.
Esses índios não vivem isolados. Recebem todo tipo de apoio governamental: da assistência saúde à orientação para melhorar a qualidade de vida através de novas alternativas econômicas.
Essas sociedades indígenas recebem todo tipo de apoio governamental: da assistência saúde à orientação para melhorar a qualidade de vida através de novas alternativas econômicas. No entanto, o respeito aos índios vem em primeiro lugar. Em nenhum momento essa parceria pode interferir na cultura diferenciada das etnias. O melhor exemplo desse compromisso é o apoio dado a escola bilíngue, na qual as crianças aprendem primeiro sua língua original, condição mais importante para manter viva a tradição indígena com seus mitos, lendas, arte e costumes.
A luta dos índios para garantir a terra em que vivem e defender a sua cultura tem chamado a atenção de Ongs, governos estrangeiros com o alemão e o apoio de personalidades como Danielle Miterrand. A viúva do ex-presidente François Miterrand e presidente da Fundação France Libertés visitou o Amapá em abril de 1996. Além de oferecer apoio político, ela condenou duramente o decreto do governo federal que permite contestação no processo de demarcação de terras indígenas.
A palavra Galibi designava os índios que viviam no litoral da Guiana francesa. Hoje são encontrados no Amapá em apenas 3 aldeias. A língua original, Karib, foi substituída pelo patoá, francês creolo da Guiana e o português, falado pela maioria dos homens adultos.
Assim como os Palikur, os Galibi também escolhem o chefe da aldeia por eleição direta. Vivem da agricultura cujo principal produto é a mandioca brava, caça, pesca e comercializam o excedente. Possuem também uma pequena indústria de construção naval que produz pequenos barcos para toda a região.O governo do Estado proporciona assistência na área, infra estrutura e mantém ainda escola bilíngue nas aldeias. Essa sociedade vivia originalmente na Guiana Francesa e sua principal característica é o instinto guerreiro. No século XVII, lutaram muito contra os índios Palikur e os franceses.
No século XVIII, com a chegada dos jesuítas, formaram o maior grupo das missões. Quando os padres foram expulsos, eles se dispersaram.
No Brasil mora apenas um grupo, que chegou ao país em 1950. Vivem da caça e da pesca e, como fonte de recurso, comercializam produtos agrícolas.
Todas as aldeias têm escolas administradas pelo governo do Estado. Possuem também uma pequena indústria de construção naval que produz barcos para toda a região. Próxima á reserva fica Oiapoque. Esta cidade, situada no ponto mais extremo do Brasil, é a primeira da país a eleger um prefeito índio. A história dessa comunidade é marcada por uma constante migração. Ora ocupavam a bacia de Uaçá sua área de origem, ora se mudavam para a Guiana Francesa. Só no final da década de 80, com a demarcação da reserva e a expulsão dos não-índios, é que a população começou a se fixar. Duas aldeias ocupam essa área: a Juminã, com remanescentes dos índios Karipuna e Uaçá, índios Galibi-Marworno.

Os índios Karipuna se consideram católicos mas não abrem mão das festas religiosas tradicionais. O "Turé", por exemplo, tem ritos essencialmente indígenas que inclui danças e cantos na língua maruane. Comercializam produtos agrícolas como cítricos, café, inhame, banana e cana. A caça e a pesca são utlizados exclusivamente para o consumo local. A migração tem aumentado por causa do crescimento da população. No entanto, os homens ficam fora apenas por alguns períodos, enquanto as mulheres raramente retornam às aldeias. Os Palikur têm uma miscigenação rara entre os índios. Entre 1930 e 1940, chegaram à aldeia famílias negras vindas da Guiana Francesa e seus descendentes assumem a identidade da tribo. Mesmo com esse contato, os índios mantém a tradição de se organizar em clãs formados a partir da linhagem paterna. Dessa forma, os filhos de pais não mestiços são aceitos pela comunidade mas não podem pertencer a nenhum clã. Os Palikur estão localizados no Estado do Amapá e na Guiana Francesa, no Amapá eles habitam ao longo do rio Urukaua, situado na bacia do rio Uaca, na região do município do Oiapoque; na Guiana Francesa eles habitam em bairros nas cidades de Caiena e Saint Georges e as margens do rio Oiapoque. Dentre as tres etnias que habitam ao longo da bacia do Uacá - Galibi-Marworno, Karipuna e Palikur -, os Palikur são os únicos procedentes da própria região e também são os únicos que mantiveram sua língua original. Esta etnia é mencionada nos relatos históricos desde 1513. Durante mais de três séculos, os povos indígenas da região do norte do Amapá mantiveram intensas trocas com os comerciantes franceses a ponto de despertar a preocupação da coroa portuguesa, que passou a exercer uma caça sem tréguas aos índios identificados como aliados franceses. Neste contexto, os Palikur, apesar de considerados "amis de francois", são das poucas etnias, das diversas que existiam na região, que conseguem sobreviver a perseguição empreendida pelos portugueses. Atualmente, os Palikur são, em sua maioria, crentes. Foram evangelizados por missionários protestantes no final da década de 40 e por conta da religião cristã não realizam mais suas festas tradicionais, como a festa de Ture e do Tambor. Assim como os outros povos indígenas do Uaca, os Palikur vivem da caça, pesca e da comercialização da farinha nas cidades do Oiapoque, Caiena e Saint George. Para fugir da catequização dos jesuítas os índios Waiapi, no século XVII, abandonaram sua área de origem, baixo Xingu no estado do Pará, e ocuparam o ponto mais extremo do Brasil, entre os rios Oiapoque, Jari e Amapari. Os Waiapi quase foram extintos no começo do século por causa do contato com os extrativistas como os seringueiros. Na década de 70 enfrentaram o mesmo problema com os garimpeiros que invadiram a área, a partir da recém-chegada Rodovia Perimetral Norte. Nos anos 80, os Waiapi conseguiram expulsar os invasores e, desde então, mantêm constante vigilância nos limites de sua terra. Nesse período assumiram a faiscação de ouro aluvionar, uma atividade que eles realizam dentro do seu ciclo tradicional de atividades extrativistas e que atende a algumas de suas necessidades (armamento, tecidos, redes). Nos garimpos controlados pelos índios, não se usa mercúrio e as áreas trabalhadas são convertidas em plantações de frutíferas. Além disso, os waiapi estão na agro-silvicultura em alguns trechos das picadas da demarcação . Hoje, eles são
488, distribuídos em 12 aldeias. A área foi demarcada e homologada em 1996, numa experiência piloto do PPG7 que priorizou a participação dos índios e sua capacitação para o controle permanente desta terra. A experiência foi coordenada por uma ONG e financiada pelo governo alemão. Cada aldeia indígena tem um padrão estético que se reproduz nos objetos utilitários como cestas, redes, adornos e armas. Feitos com madeira, fibras, cerâmica, sementes, plumagem, dentes e ossos de animais, Alguns desses objetos são enfeitados com penas de aves ou pintados com corantes naturais extraídos de cascas de árvores ou sementes como as do urucum. O artesanato é uma das fontes de renda dos povos indígenas do Amapá. Os Karipuna, por exemplo, fabricam colares de contas ou ossos. Os Waiapi usam desenhos mitológicos para explicar suas origens. Os Apalai do norte do Pará fazem complexos desenhos geométricos com significados conhecidos apenas pelo grupo.


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO AMAPÁ






PARQUE NACIONAL DAS MONTANHAS DO TUMUCUMAQUE, AMAPÁ

Muita polêmica em torno do maior parque de floresta tropical do mundo a ser criado no Amapá por Decreto-Lei. O anúncio da criação do Parque Nacional de Tumucumaque, pelo presidente Fernando Henrique, durante o lançamento da Agenda 21: uma carta com propostas para o desenvolvimento sustentável do Brasil. A agenda de compromissos com o meio ambiente reúne ações que vão do combate ao desperdício de recursos naturais ao combate à pobreza. Foram cinco anos de atividades para se chegar à Agenda 21 brasileira. Quarenta mil pessoas, entre especialistas do setor público e de organizações não governamentais, participaram do trabalho.O Parque de Tumucumaque fica no Amapá, na fronteira do Brasil com Guiana Francesa e o Suriname. Com 3,8 milhões hectares de área, quase do tamanho do Rio de Janeiro, será o maior parque de floresta tropical do mundo, tamanho maior que o da Bélgica.
O Parque Nacional do Tumucumaque fica no Amapá, na região do Oiapoque, e agora é o maior parque nacional do mundo. Tumucumaque era até então uma antiga reserva indígena administrada pela FUNAI. Alem disso, Tumucumaque é terra que o Ministério do Desenvolvimento Agrário conseguiu recuperar de grileiros, nos últimos dois anos. Dos mais de 60 milhões de hectares de terras retomadas, foram transferidos 20,4 milhões de hectares para o Ministério do Meio Ambiente. Estas áreas não se encaixam no programa da reforma agrária. Serão destinadas à criação de reservas ambientais. Neste ano foram criadas 12 novas unidades de conservação do meio ambiente no país. Assim aquele que era o maior parque do mundo atualmente no Congo (pouco mais de 2 milhões de hectares), perdeu sua posição para o Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque.



Polêmica
Houve uma pressão contra parque gigante em função de que o Amapá quer uma compensação pelo Parque Tumucumaque. O Conselho Estadual do Meio Ambiente do Amapá (Coema) tentou pedir ao então presidente Fernando Henrique Cardoso a suspensão da assinatura do decreto que criou o Parque Nacional do Tumucumaque, a maior área de proteção ambiental do mundo com 3,8 milhões de hectares, território maior que a Bélgica. O Coema propôs ao Ministério do Meio Ambiente que realize consultas públicas para discutir a inclusão no projeto de medidas compensatórias para o Estado, já que o novo parque consumirá 26% da área total do Amapá. O governo e outros organismos ambientais estão preocupados com possíveis impactos econômicos e sociais negativos porque o Parque do Tumucumaque e outras áreas de preservação já existentes comprometem mais de 50% da área total do Estado do Amapá. Assim temos que pensar na preservação ambiental conciliando a agenda social e econômica do Estado, já que essa área não poderá sofrer ocupação, uma idéia seria a criação do ICMS Ecológico para manter a reserva classificada como de alta relevância de biodiversidade, conforme entendem alguns analistas. A justificativa oficial é que "Além da criação da reserva, o Amapá irá se credenciar em nível internacional para o recebimento de investimentos pelos serviços ambientais que estará prestando ao mundo". O parque está situado numa área especial de preservação da biodiversidade em floresta tropical, e terá setores específicos para ecoturismo e pesquisa ambiental.


"A única coisa que se coloca entre um homem e o que ele quer na vida é normalmente e meramente a vontade de tentar e a fé para acreditar que aquilo é possível."( Richard M. Devos )
Boa Sorte- Prof Gesiel Oliveira

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Aula2_AçãoPenal_Prof Gesiel

EQUIPE_PRE-CONCURSO: TJAP/2009
PROF GESIEL OLIVEIRA
TEMA: AÇÃO PENAL

1- Conceito. É o direito de pedir a tutela jurisdicional relacionada a um caso concreto. É instrumento de jurisdição.

 Eugênio Pacelli, a teoria aceita em nosso ordenamento jurídico é a teoria abstrata, a qual concede autonomia do direito processual em relação ao direito material. (teoria concreta e a teoria imanentista estão ultrapassadas).

 Depreende-se que da teoria abstrata, não há que se falar em procedência ou improcedência da ação, mas sim do pedido, pois a ação é sempre um direito, que não pode ser tolhido.

 Chiovenda. Teoria Potestativa da ação. Explica melhor a posição do réu na ação, e afirma que o direito de ação é, na verdade, um poder que o cidadão tem em face do Estado.

2- Características do direito de ação.

A) Direito público. A atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública; por isso é que teoricamente quando se diz ação penal privada, é imprópria, pois toda ação penal é pública, o ideal seria dizer ação penal de iniciativa privada.

B) Direito subjetivo. O titular tem o direito de exigir do Estado a prestação jurisdicional.

C) Direito autônomo. Não se confunde com o direito material que se pretende tutelar.

D) Direito abstrato. Independe da procedência ou improcedência do pedido. Por mais que ao final do processo seja o acusado julgado inocente, o direito de ação terá sido exercido.

E) Direito específico. Vinculado a um caso concreto. Também chamado, por Rogério Greco, de instrumental, porque se refere sempre à decisão a uma pretensão ligada ao direito material.

3- Condições da ação penal.

Apesar de ser direito autônomo e abstrato, é obvio que o exercício de direito da ação penal está sujeito a determinadas condições. A doutrina as divide em:

3.1 - Condições genéricas. Condições que deverão estar presentes em toda e qualquer ação penal. Nesse ponto, a doutrina majoritária importa as condições do processo civil:

I) Possibilidade jurídica do pedido. O pedido formulado deve encontrar amparo no ordenamento jurídico. Ex: são complicados, pois o juiz do processo penal não fica vinculado ao pedido, mas sim aos fatos, mas pode ocorrer em caso de oferecimento de denúncia a um menor, pedindo pena privativa da liberdade contra este.

II) Legitimidade para agir “legitimatio ad causam”. É a pertinência subjetiva da ação. No processo penal, pode ocupar o pólo ativo da ação:

Na ação penal pública: o legitimado é o MP.
Na ação penal de iniciativa privada:
a) ofendido, ou
b) seu representante legal.

Obs.: No pólo passivo, o provável autor do delito, desde que tenha mais de 18 anos (seja imputável).

Questão. Crime eleitoral de injúria em que ação penal é proposta pelo ofendido. Todo crime eleitoral é crime de ação penal pública incondicionada. Assim, o candidato não poderia ter ocupado o pólo ativo na ação, promovendo a ação penal. Neste caso, se a denúncia não for rejeitada, utiliza-se o art. 267, VI, CPC: extinção do processo sem julgamento do mérito, quando não concorrer qualquer das condições da ação.
CPC Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:
VI – quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;

 Legitimação ordinária. Alguém postula em nome próprio a defesa de interesse próprio. É a regra, só pode agir em juízo em nome próprio. Ex: MP na ação penal pública.

 Legitimação extraordinária. Alguém postula em nome próprio a defesa de interesse alheio. É a exceção, pois somente pode ser exercida nos casos previstos em lei. Art. 6º do CPC. Professor Denilson Feitosa Pacheco aponta duas situações:
CPC Art. 6º Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei.

Na ação penal privada o direito de punir pertence ao Estado, que transfere ao ofendido a titularidade da ação penal, com base no strepitus iudicii (publicidade do fato), fundamento que outorga ao ofendido a oportunidade da resposta penal, em situação de crimes cuja publicidade, a partir da discussão judicial, seja particularmente gravosa ao interesses do ofendido.

Ação civil ex delicto proposta pelo MP em favor de vítima pobre. Art. 68 do CPP. O STF já decidiu que esse art. 68 é dotado de inconstitucionalidade progressiva: enquanto não houver defensoria pública na comarca, o MP pode pleitear em juízo a reparação do dano em favor de vítima pobre (STF RE 135.328).
CPP Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (artigo 32, §§ 1º e 2º), a execução da sentença condenatória (artigo 63) ou a ação civil (artigo 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.

 Legitimação ativa concorrente. Mais de uma parte está autorizada a ingressar em juízo, e quem ajuizar primeiro, afasta a legitimidade do outro. Hipóteses cabíveis no processo penal:

a) Ação penal privada subsidiária da pública, depois do decurso do prazo do MP para oferecer denúncia (15 dias).
b) Sucessão processual. Quando ocorre a morte do titular da ação penal de iniciativa privada, que será transmitida ao conjugue, ascendente, descendente, irmão, e companheiro. (CCADI- macete mnemônico).
c) Crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. Art. 331 do CP. Ver súmula 714 do STF: se por acaso for praticado crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções, duas possibilidades se abrem: concorrente a legitimidade do ofendido, mediante a) queixa (ação penal de iniciativa privada), e do b) MP condicionada à representação do ofendido.
Desacato; Art. 331. Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
STF Súm 714. É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
Alguns doutrinadores (Eugênio Paccelli de Oliveira) criticam essa súmula 714, trazendo um novo conceito, o de legitimação alternativa: o STF no inquérito 1.939, entendeu o seguinte: oferecida a representação, o servidor estaria optando pela ação penal pública. Portanto, estaria preclusa a instauração de ação penal privada. Portanto, na hipótese da súmula 714, a legitimação é alternativa, e não concorrente, por dois motivos importantes:

Enquanto não for oferecida representação, o MP não esta legitimado a agir de ofício;
Uma vez oferecida a representação, não mais seria possível o oferecimento de queixa.

III- Interesse de agir. Composto pelo trinômio: (1)Necessidade, (2)Adequação e (3)Utilidade.

 Necessidade. No processo penal, ela é presumida, pois não há pena sem processo, salvo nas hipóteses dos juizados, em que há a transação penal.

 Adequação. Não é discutida no processo penal, pois o acusado defende-se dos fatos, e não da classificação formulada pelo acusador.

 Utilidade. Consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. Nesse ponto, surge um tema importante:

Prescrição em perspectiva, também conhecida como virtual ou antecipada.

Ocorre quando, de maneira antecipada, já é possível visualizar a ocorrência de futura prescrição. Para os tribunais, essa prescrição não é admitida, pois viola o princípio da presunção da não culpabilidade (STF RHC 86.950). Prof. Cezar Roberto Bitencourt, e os doutrinadores de direito penal em geral, também são contrários a esse entendimento. Já os doutrinadores de processo penal, entendem ser possível, e propõe outra saída: como promotor, deve ser pedido o arquivamento do inquérito, com base na ausência de interesse de agir, e não em virtude da extinção da punibilidade.

IV - Justa causa. Lastro probatório mínimo indispensável para a instauração de um processo penal. Deve estar acompanhada da prova da materialidade e indícios de autoria. Funciona como limite nos abusos do direito de acusar. Art. 395, III, CPP: rejeição da denúncia.
CPP Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I – for manifestamente inepta;
II – faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III – faltar justa causa para o exercício da ação penal.
3.2 - Condições específicas. Presentes em algumas hipóteses. São exemplos de condição específica de procedibilidade:

A) Representação do ofendido.Condição de procedibilidade(ação, exigida p/ que o processo tenha início)
B) Requisição do ministro da justiça. Condição de procedibilidade.
C) Lei 5.250/67, art. 43: exibição do Periódico nos crimes de imprensa.
D) Condição de militar no crime de deserção.
E) Lei de falência: sentença declaratória de falência nos crimes falimentares, conforme art. 180 da lei 11.101\05. A natureza jurídica dessa sentença é de condição objetiva de punibilidade.

Questão. Diferença entre condição de procedibilidade para a condição de prosseguibilidade? Aquela são as condições da ação, exigida para que o processo tenha início. Nesta, o processo já esta em andamento, e para que possa prosseguir, é indispensável o implemento de uma condição: punibilidade.

3.3 – Condições da ação processual penal.

Alguns doutrinadores, como o Prof. Denilson Feitosa, buscam as condições da ação penal dentro do próprio processo penal, rejeitando a adoção das condições do processo civil. Veja-as:

A) Fato narrado na peça acusatória deve ser aparentemente criminoso, não abrangido por uma excludente de ilicitude.
B) Punibilidade concreta.
C) Legitimidade para agir.
D) Justa causa.

4- Classificação das ações penais.

Duas leis importantes: decreto-lei 201/67 e o código eleitoral. No processo penal, a classificação se dá pela titularidade da ação. Veja-as:

4.1 – Ação Penal Pública. Titular MP, de acordo com o art. 129, I, CF\88.

A) Incondicionada. Nesta, o MP não esta sujeito ao implemento de qualquer condição. De acordo com o código, este tipo de ação é a regra, conforme art. 100 CP.
B) Condicionada. Nesse caso, o MP esta sujeito ao implemento de uma condição, tais como a representação do ofendido ou a requisição do ministro da justiça.
C) Pública Subsidiária da pública. Não é muito tratada na doutrina, e esta em dois dispositivos:

a) No art. 2º, §2º, do decreto lei 201\67: crimes de responsabilidade praticados por prefeitos. MPE  MPU. Contudo, para a maioria da doutrina, este dispositivo não foi recepcionado pela CF\88, por dois motivos:

Desloca para a justiça federal matéria que não é de interesse da união.
Fere a autonomia do ministério público estadual, ao colocá-lo numa relação de subordinação em relação ao MPU.

b) Art. 357, §§3º e 4º, do Código Eleitoral. Apontado pelo professor Tales Tácito. Em crimes eleitorais, o MP estadual age por delegação. Logo, se o MP estadual permanecer inerte, pode o MPF oferecer denúncia subsidiária.

4.2 – Ação penal de iniciativa privada. Titular é o ofendido, ou o seu representante legal. Espécies:

A) Exclusivamente privada.
B) Personalíssima. Não há sucessão processual, pois ocorrendo a morte do ofendido estará extinta a punibilidade do agente. Ex: o adultério era exemplo, quando estava vigente; art. 236 do CP: induzimento a erro essencial e impedimento.
C) Privada subsidiária da pública. Cabível diante da inércia do MP – 15 dias se réu solto. Prazo de seis meses, porém não gera a extinção de punibilidade, pois, por sua natureza, é publica. Segundo Rogério Greco, caso o MP peça o arquivamento do IP ou solicitar outras diligências à delegacia de polícia, o particular não poderá intentar a sua ação de natureza subsidiária.

5- Ação penal ex ofício, ou processo judicialiforme.

Tinha início pelo auto de prisão em flagrante ou por portaria da autoridade policial ou judiciária. Não vige no nosso ordenamento (não foi recepcionada pela CF/88), pois fere o princípio do sistema acusatório, no qual o MP é o titular da ação penal, conforme seu art. 129.

6- Ação penal nos crimes contra os costumes.

A regra é que esse crime seja processado mediante ação penal privada, salvo nas seguintes hipóteses:

A) Ação penal pública condicionada à representação nos casos da vítima ser pobre, mesmo que haja defensoria pública na comarca, conforme RHC 88.143 do STF. Essa pobreza se comprova por meio do atestado de pobreza, ou por prova testemunhal. Esse atestado tem força relativa.
B) Ação penal pública incondicionada. Crimes cometidos com abuso do poder pátrio;
C) Ação penal pública incondicionada com emprego de violência real, conforme súmula 608 STF. Violência real é o emprego de força física sobre a pessoa (ex: socos, chutes etc). Observe que a súmula se refere tanto ao estupro, quanto ao atentado violento ao pudor. A razão da súmula, está no art. 101 do CP: para a doutrina, todavia, não seria possível a aplicação do art. 101, pois o crime de estupro não é crime complexo. O mencionado artigo traz a chamada ação penal extensiva: sendo de ação penal pública o crime elementar constitutivo do crime de ação penal privada, opera-se uma extensão da natureza da ação penal pública. Praticado o crime sexual com o emprego de violência real, independentemente se a lesão produzida for de natureza leve, grave ou gravíssima, o delito continua sendo de ação penal pública incondicionada (STF HC 82.206).

D) Crimes sexuais com violência presumida: ação penal privada – art. 224 CP (todas as hipóteses desse artigo são de ação penal privada).

 AÇÃO PENAL – após a lei 12.015/09
Os crimes contra a liberdade sexual deixam de ser ajuizados mediante queixa após a lei 12.015/09. Agora a regra será a ação penal pública condicionada – mediante representação -, salvo quando a vítima for menor de 18 (dezoito) anos, ou vulnerável. Nessas hipóteses, serão objetos de ação penal pública incondicionada.

 Para os crimes contra a dignidade sexual praticados após o advento da Lei 12.015/2009, o cenário é completamente distinto, pois não mais haverá ação penal privada. Com isso, nos termos da nova redação do art. 225 do Código Penal:
a)como regra geral, a ação penal será pública condicionada a representação;
b)a ação penal será pública incondicionada se a vítima for menor de 18 anos;
c)a ação penal será pública incondicionada se a vítima estiver em situação de vulnerabilidade, ou seja, for menor de catorze anos ou alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
d)será pública incondicionada quando ocorrer o resultado morte ou lesão corporal grave ou gravíssima (aplicação da Súmula 608 do STF).
Portanto, a regra agora é que a ação penal seja pública, mas condicionada à representação da vítima ou seu representante legal. Excepcionalmente, a ação penal será pública incondicionada (vítima menor de 18 anos, em situação de vulnerabilidade ou na situação da Súmula 608 do STF). Não há mais hipóteses de cabimento da ação penal de iniciativa privada, exceto a ação penal privada subsidiária da pública,

E) Quando resultar lesão corporal grave ou morte: incondicionada.

7- Ação penal nos crimes contra a honra. Regra geral, são de ação penal privada. Exceções:

A) Praticados durante a propaganda eleitoral: são crimes eleitorais são de ação penal pública incondicionada.
B) Contra o Presidente da República ou Chefe de governo estrangeiro: pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça, conforme lei 7.716.
C) Contra servidor público em razão de suas funções. Súmula 714: pode ser ação penal privada ou ação penal pública condicionada à representação. De acordo com o STF, oferecida a representação, o ofendido não pode mais oferecer queixa-crime (Inquérito 1.939).
D) Tapas no rosto. Caso de injúria real, prevista no art. 140, §2º, CP: se praticado mediante vias de fato, ação penal privada; se praticado mediante lesão corporal, ação penal pública; se resultar lesão corporal leve, ação penal pública condicionada à representação.

Questão levada ao STF. Americano, comissário de bordo, fala a um brasileiro: “amanha vou acordar jovem, bonito e sendo um poderoso americano, e você vai acordar como um pobre e retardado brasileiro”, caso no STJ que, por ter generalizado, entendeu ser aplicada a lei racial, sendo pública incondicionada (RHC 19.166 STJ, e STF HC 90.187).
8- Embriaguez ao volante e participação em competição não autorizada são crimes de ação penal pública incondicionada. Art. 306, e 291, do CTB.
9- Crimes ambientais. Incondicionada. Denúncia contra pessoa jurídica nos crimes ambientais.

Teoria da dupla imputação. Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais, desde que haja a imputação simultânea a pessoa jurídica e a pessoa física que atua em seu nome ou benefício. STJ RMS 20.601. Neste caso, como pessoa jurídica não é dotada de liberdade de locomoção, não pode figurar como paciente em HC, mas pode impetrar MS (STF HC 92.921).

10- Lesão corporal leve com violência doméstica e familiar contra a mulher. Incondicionada (STJ HC 96.992). Em virtude do art. 16 da lei Maria da Penha, o crime continuaria sendo de ação penal pública condicionada à representação.
Lei 11340/06- Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
11- Ação penal popular. Popular significa por qualquer do povo.

A) Para alguns doutrinadores, a primeira espécie de Ação Penal Popular seria o HC, mas não prevalece, pois este é uma ação libertária, que visa preservar a liberdade de locomoção.
B) Faculdade de qualquer cidadão contra agentes políticos por crimes de responsabilidade (infração político-administrativa).

12- Ação de prevenção penal.

É aquela ação proposta contra o inimputável do art. 26, caput, na qual deve ser pedida não a condenação, mas sim a absolvição com imposição de medida de segurança (absolvição imprópria).

13- Ação penal secundária.

Ocorre quando as circunstâncias do caso concreto fazem variar a modalidade de ação penal. Ex: crimes sexuais, pois em regra é privada, mas em virtude de alguns casos concretos pode ser incondicionada.(com violência real, com abuso do pátrio poder, vítima muito pobre, etc.)

14- Ação penal adesiva. Duas correntes:

A) Litisconsórcio ativo entre o MP e o querelante na ação penal privada.
B) Fernando da Costa Tourinho Filho. Só existe na Alemanha: o MP ingressa na ação penal pública, oportunidade em que a vítima ingressa de maneira adesiva, porem com objetivos exclusivamente patrimoniais.

15- Princípios. Analise comparativa entre:

A) Princípios comuns à ação penal pública e privada:

a) Ne procedat iudex ex offcio: com a adoção do sistema acusatório, ao juiz não é dado iniciar o processo de ofício (processo judicialiforme, ou ação penal de ofício, não foi recepcionado pela CF\88).
b) Ne bis in idem: ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação. Ex: agente absolvido como autor de homicídio pode ser processado novamente como partícipe do mesmo delito; agente absolvido ou cuja punibilidade foi declarada extinta por justiça incompetente não pode ser processado novamente perante a justiça competente, sob pena de violação ao princípio do ne bis in idem (HC 86.606 e 92.912).
c) Princípio da intranscendência. A ação penal não pode passar da pessoa do autor do delito.

B) Princípios diferentes entre:

Ação penal pública Ação penal privada
Obrigatoriedade ou legalidade processual: não se reserva ao MP qualquer juízo de discricionariedade quanto ao oferecimento da denúncia, desde que presentes as condições da ação e elementos informativos quanto à autoria e materialidade. Exceções: transação penal; acordo de leniência (brandura, art. 35-C da lei 8.884\94), que é uma espécie de delação premiada em crimes contra a ordem econômico-financeira; termo de ajustamento de conduta nos crimes ambientais (lei 7.347, a celebração do termo de ajustamento não impede o oferecimento de denúncia na hipótese de reiteração da atividade ilícita, conforme STF HC 92.921); Parcelamento do debito tributário (art. 9º da lei 10.684, suspensão da pretensão punitiva). Oportunidade ou conveniência. O ofendido, mediante critérios de oportunidade ou conveniência, pode optar pelo oferecimento ou não da queixa-crime. Ex: caso do Grafite.
Meios pelos quais o ofendido deixa de exercer o direito de queixa: pelo decurso do tempo (prazo decadencial de seis meses); renúncia expressa ou tácita ao direito de queixa; arquivamento do IP.
Indisponibilidade. O MP não pode desistir da ação penal pública, e nem do recurso que haja interposto. Art. 42 e 576 CPP. Exceções: suspensão condicional do processo. Disponibilidade. Ação penal privada é disponível: a vítima, depois de ter ingressado com a queixa-crime: perdão do ofendido, que deve ser aceito pelo autor dos fatos; perempção (desídia); desistência da ação, que também depende de aceitação do autor dos fatos.

(In)Divisibilidade. Duas correntes:
1ª- divisibilidade: STF. O MP pode oferecer denúncia contra alguns co-réus, sem prejuízo do prosseguimento das investigações em relação aos demais (STJ RESP 388.473).
2ª- indivisibilidade: como desdobramento do princípio da obrigatoriedade, desde que haja elementos de informação, o MP é obrigado a denunciar todos os co-autores (LFG e Capez). Indivisibilidade. O processo de um obriga ao processo de todos. Renúncia e perdão concedidos a um dos co-autores estendem-se aos demais. Art. 48. O MP fiscaliza a observância desse princípio por meio da intimação do querelante para aditar, mas não pode aditar queixa para incluir co-autor, sob pena de a renúncia concedida a um dos co-autores estender-se aos demais.
Oficialidade. Consiste na atribuição aos órgãos do Estado da legitimação da persecução penal.
Autoritariedade. O exercício das funções persecutórias se dá por autoridades estatais.
Oficiosidade. Deve a autoridade estatal agir de ofício.

16- Representação do ofendido.

Conceito. É a manifestação do ofendido ou de seu representante legal no sentido de que possui interesse na persecução penal do fato delituoso.

Natureza jurídica. Trata-se de condição específica de procedibilidade. Ex: casos do art. 182 CP.
Direcionamento da representação. Pode ser dirigida a autoridade policial, ao MP, e ao juiz. Para os tribunais, Não há necessidade de formalismo quanto à representação. Ex: BO, exame de corpo de delito.
Prazo para oferecimento da representação e da queixa. Prazo decadencial de 06 (seis) seis meses. Trata-se de prazo de direito penal, conta-se o dia do início do fato. Esse prazo decadencial é fatal e improrrogável, não estando sujeito a interrupção, nem a suspensão, ou nos casos de dias não úteis.

Em regra, esse prazo decadencial começa a fluir a partir do conhecimento da autoria. Art. 38 CPP: “... salvo disposição em contrário...”: duas importantes:

Lei de imprensa, prazo decadência para o oferecimento é de três meses, e inclusive pode ser interrompido;
Art. 236, parágrafo único, do CP. Ação penal personalíssima. Nesse crime, o prazo decadencial não começa a fluir a partir do conhecimento da autoria, mas sim após o transito em julgado da sentença cível que anule o casamento.